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02/01/01 00:00 -

TIO, DOUTOR, SIM SENHOR!

TIO, DOUTOR, SIM SENHOR!

João Álvares
Você está nas ruas ou no seu carro, vira “tio” e “tia” para milhares de meninos e meninas de rua que o Estatuto do Menor e do Adolescente contribuiu para botar nas ruas. A intimidade sugerida pelo “tio” e “tia” também está presente em algumas secretárias ou recepcionistas que atendem nossos chamados telefônicos com surpreendente “calor humano”: “meu amor”, “meu querido”, “meu bem”, nos chamam elas enquanto surpreendidos, aguardamos nos balcões das lojas e atrás dos guichês perguntam, “o que você quer?”, eu faço questão de devolver-lhe um sonoro: “o senhor poderia, por favor, me dizer se tem tubo para radiador?”, ou para o guarda, que me pede a Carteira Nacional de Habilitação, esquecendo-se do “senhor” e do “por favor”: “desculpe, o senhor poderia aguardar um instante”, “por favor e obrigado” são espécie de senha, passaporte de ingresso no mundo civilizado. Outra mania brasileira é que todo mundo virou “doutor”: nós, jornalistas, temos regras de redação que nos fazem usar doutor só para médicos (a não ser que o bacharel defendeu tese em faculdade superior ou fez doutorado). Essas regras estão absolutamente certas. Os outros são engenheiros, advogados, sociólogos, e assim por diante. Com tanto doutor por aí, com diplomas de analfabetos por tantas faculdades fajutas e não fajutas, mas igualmente ineficientes - principalmente essas de fins de semana que, aliás, o governo (tardiamente) está acabando com essas famigeradas fabricantes de diplomas. Isso nos faz lembrar de um amigo que foi estudar no Exterior, quando voltou, perguntei-lhe: “Ouvi dizer que da Europa voltaste feito doutor?” Ele respondeu: “Parece-lhe isso impossível? É verdade sim senhor!” Voltei a lhe perguntar: “E em que academia ou universidade? E qual a ciência, então?” Ele respondeu: “Ah, isso não sei: o diploma está escrito em alemão...” Humor à parte, o versinho no meio deste comentário poderia ter um final diferente, referindo-se à cultura acadêmica ou meramente livresca. “Ah, isso não sei; o diploma está em código de computação!... E em inglês ou japonês”!... (João Álvares)




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