De milho ou arroz?

Medidas por força de lei devem espelhar os anseios de momento da sociedade. Nem sempre, contudo, a coisa é harmônica. Circula por aí um antigo vídeo do programa "Roda Viva", da TV Cultura, em que Paulo Maluf faz forte defesa da proibição de cigarro em locais de grande aglomeração.

Alguns dos entrevistadores apertam Maluf ao questionar a medida, por ele adotada na condição de prefeito de São Paulo naqueles anos 90. Assim como também mostram contrariedade à obrigatoriedade do uso de cinto, outra lei da gestão do controverso político.

O tempo mostrou que, apesar das críticas sobre invasão governamental às liberdades individuais, era mesmo preciso domar o cigarro e consolidar o cinto por um bem maior: o coletivo. O resto é história: normas do tipo passaram a valer para todo o Brasil - e isso não fez mal.

Então vieram as informações em rótulos: sigo igualmente favorável. Um militante do prazo de validade. E sedento por detalhes sobre a feitura de algo que se usa e/ou se consome.

Por isso mesmo é que preciso concordar com instrução normativa do Ministério da Agricultura, publicada no Diário Oficial da União de 16/11/2018, que estabelece a "obrigatoriedade de constar, de modo claro, preciso e ostensivo, na rotulagem das cervejas, informações que indiquem os ingredientes que compõem o produto, substituindo expressões genéricas 'cereais não maltados ou maltados' pela especificação dos nomes dos cereais e matérias-primas...".

Em outras palavras, as cervejas finalmente vão detalhar se aquilo que está no seu copo foi produzido com arroz, trigo ou milho. Vale para as importadas. As empresas terão um ano para se aquedar.

Um amigo, entendedor da bebida, diz que alguns fabricantes vão precisar de garrafas maiores para revelar "seus aditivos todos"... Bom, que se virem nos 30. Transparência total não deveria sequer precisar de lei, mas é assim que a banda toca. Ponto para o consumidor. Doses generosas de informação clareiam as ideias e não deixam ninguém de ressaca.