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19/10/18 07:00 - Opini�o

Marginais da Rondon trar�o novos h�bitos

Archimedes Azevedo Raia Jr.

No dia 25 de setembro último, realizou-se reunião, onde a ViaRondon apresentou o macroprojeto das marginais da rodovia Marechal Rondon aos membros do Conselho do Município, diretoria e associados da Assenag-Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru. Na ocasião, os técnicos da concessionária rodoviária relataram o andamento das obras, as dificuldades e o que havia sido acordado com a Artesp-Agência de Transportes do Estado de São Paulo, responsável pela concessão.

É necessário que se deixe claro ao bauruense que o objetivo precípuo desta grande obra é segregar o tráfego rodoviário do tráfego urbano. O problema mais proeminente do trecho urbano de uma rodovia é que ele recebe, basicamente, quatro tipos distintos de usuários: os veículos de passagem pela rodovia, os veículos do tráfego urbano, além de pedestres e ciclistas. O primeiro usuário, por estar trafegando em uma rodovia há algum tempo, possui um comportamento característico de rodovia rural - a que não é urbana - com uma visão mais distante e maior velocidade, enquanto que, o segundo, apresenta comportamento próprio de quem trafega por vias urbanas, com um olhar mais próximo e menor velocidade. Esse conflito entre os dois primeiros tipos de usuários é que provoca grande parte dos acidentes neste trecho da rodovia. Para os dois últimos, pedestres e ciclistas, a rodovia não deixa de ser uma via urbana, expondo-os ainda mais gravemente ao risco em função de maiores velocidades dos veículos.

Enfim, o que os operadores do tráfego rodoviário almejam com as obras é manter a fluidez do tráfego, garantindo-se certo nível de serviço, além de aumentar a segurança dos usuários, em geral.

Dito isto, poder-se-ia perguntar: qual o problema da implantação das marginais para a população bauruense? Esta resposta quase ninguém quer assumir ou contar. Na verdade, a rodovia, com o passar dos anos, foi adotada pelos bauruenses como uma "avenida" que lhes confere certas facilidades para ligar suas origens e destinos, localizados nos lados das pistas leste e oeste.

Com o advento das marginais, essa "avenida" praticamente desaparecerá, não lhes sendo mais viáveis para estes curtos trajetos urbanos diários. Estes deslocamentos deverão ser realizados através do sistema viário municipal, que já é bastante deficiente com relação a grandes avenidas, que proporcionem maior fluidez do tráfego. Assim, todo usuário terá que procurar os poucos acessos que sobrepõem a rodovia, sem adentrá-la. Esse trânsito ficará muito pior do que é hoje. Não há escapatória.

Na ocasião da reunião de 25 de setembro, a Diretoria de Mobilidade da Associação fez questão de ressaltar que a não previsão de construção da transposição da rodovia através da avenida Cruzeiro do Sul traria consequências ainda mais graves à cidade e que sua construção é imperiosa.

Alertado foi o senhor prefeito Gazzetta, durante o Seminário de Acessibilidade, também promovido pela Assenag, em 3 de setembro último. A construção do viaduto da avenida Cruzeiro do Sul ajudaria, em muito, na redução do caos que se espera para o período pós obras na Rondon. Em reunião realizada na Câmara Municipal, em 9 de outubro, o prefeito Gazzetta defendeu a construção desse viaduto e a proposta será levada à Artesp.

Por fim, o bauruense precisa ir se acostumando, em primeiro lugar, com as obras e os fechamentos temporários de transposições (Duque de Caxias, Rodrigues Alves, Nuno de Assis etc) e, posteriormente, com a eliminação da "avenida" Marechal Rondon. Após essa obra, o trânsito bauruense, já bastante complicado, nunca mais será o mesmo; se tornará ainda pior.

É só esperar para ver (e se acostumar).

O autor é engenheiro, doutor em Engenharia de Transportes, especialista em segurança viária, professor sênior da UFSCar e diretor de Mobilidade da Assenag.





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