O voto dos roqueiros

Lobão vai de Bolsonaro. Ele, que tem um disco chamado "O Rock Errou" (1986), usou o YouTube dias atrás para justificar sua aposta. Lobão é autor da música "O Eleito" (1988) na qual diz: "Ele é o esperto, ele é o perfeito / Ele é o que dá certo / Ele se acha o eleito / A sua pose é militarista / Ele se acha o intocável...". Na época, parecia ser um recado a Collor - que, de fato, venceu a disputa um ano depois.

Roger, do Ultraje, fez igual escolha e até foi visitar o candidato esfaqueado no hospital. O roqueiro é autor do hit "Inútil" (1985). Aquele que dispara, em "bom" português, logo no começo: "A gente não sabemos escolher presidente".

Colega de Roger nos primórdios do Ultraje, o guitarrista e compositor Edgard Scandurra, do Ira!, vai de Haddad - que, como se sabe, já teve um mandato para chamar de seu, pois foi prefeito de São Paulo. O Ira! tem uma música chamada "O Candidato" (2007). Um dos trechos: "Você votou em mim / Eu te decepcionei / Você vai acreditar se eu te disser que mudei?".

Leoni, ex-Kid Abelha, é outro a optar por Haddad. Leoni teve uma segunda banda chamada Heróis da Resistência que gravou uma canção batizada de "Sinal dos Tempos" (1990): "Eu vim lembrar desta esperança que queima as mãos / E a gente passa adiante, de geração pra geração...".

Tico Santa Cruz, dos Detonautas, fez opção por Ciro Gomes. Detonautas tem um som chamado "O Amanhã" (2004): "Quando vem o amanhã incerto / E a certeza me faz ver o inverso / Já não tenho o mesmo medo de me repetir...".

Seja qual for, o voto dos roqueiros sempre chama a atenção. Afinal, rock é, em sua essência, associado à contestação e à firme tomada de atitudes. Na hora de encarar a urna, contudo, famoso algum é melhor ou pior do que nós, os anônimos.

Está cheio de famoso também se declarando a Alckmin, Marina, Boulos, etc. Aliás, justiça seja feita, o ator Wagner Moura, que está com Boulos, também é roqueiro. Sim. Chegou a gravar shows como vocalista da Legião Urbana. Aquela icônica banda de Brasília que, em 1985, perguntava: "Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão?".

Tem famoso quieto também a exercer o direito do voto secreto. Aqui foram só exemplos de pessoal ligado ao rock para especular quem a turma da guitarra mais curte. Um exercício lúdico de comparação. Paz a amor aos roqueiros de boa vontade. Consciência na veia aos eleitores cansados de muito barulho por nada.