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18/08/18 07:00 - Opini�o

Emdurb ou Amsurb?

Archimedes Azevedo Raia Jr.

Periodicamente, propostas de profundas modificações na Emdurb vêm à tona, produzindo debates, manifestações de vereadores, pessoas interessadas, população etc. A cada um desses "fenômenos sazonais", um "balão" é solto propondo soluções mirabolantes para os graves problemas administrativos da empresa municipal.

Em 1979, a Empresa foi criada, com a denominação de Emturb - Empresa Municipal de Transportes Urbanos de Bauru, categorizada como empresa pública, com competência definida para gerir o Terminal Rodoviário de Passageiros e os sistemas de trânsito e transportes urbanos. No entanto, ao longo dos seus quase 40 anos, profundas modificações foram introduzidas em seu arcabouço. Em 1986, lhe foram conferidas novas atribuições, bem distintas daquelas previstas em sua criação: serviços funerários/cemitérios e o abastecimento.

Já, em 1993, novas competências associadas ao desenvolvimento urbano e rural, limpeza pública e a destinação do lixo foram incorporadas. Em suma, o Poder Público, por meio de modificações recorrentes, foi promovendo a descaracterização do seu perfil primeiro. Grandes autores ligados à gestão empresarial apregoam que se deve buscar e manter o "foco no negócio", que tem como precípuo objetivo o de fazer com que a empresa se assente em sua maior vocação, baseado em fatores importantes, tais como: seus clientes (cidadãos e sociedade), produtos, tecnologia, para a definição de estratégias com o intuito de expandir e manter seu "negócio" vivo.

Na prática, isto quer dizer que se deve gastar suas energias com as atividades fim, liberando para terceiros outras atividades. Ora, a atividade basilar da Emdurb sempre foi o setor de transportes (trânsito, transporte coletivo, terminal, taxi etc.), e assim deveria continuar, incluindo a responsabilidade pelo aeródromo central.

Os problemas advindos destas áreas são por demais proeminentes nos dias atuais para dividirem o seu foco, esforços, recursos com outras áreas não correlatas (cemitérios e serviços funerários, coleta de lixo, limpeza pública). Estas atribuições poderiam ser alocadas a outros setores da Administração Municipal. Elas consomem muitos recursos da Emdurb, não contribuindo para se atingir os resultados primários aguardados.

Em todo o mundo desenvolvido há grande preocupação dos órgãos gestores em relação à mobilidade urbana sustentável, implementando ações relevantes buscando promover melhor qualidade de vida das pessoas. Este enfoque abarca muita especialização, estudos, conhecimento de novas experiências exitosas no Brasil e Exterior, planejamento e sua colocação em prática.

Os serviços de trânsito, transporte coletivo e mobilidade urbana em Bauru, por si só, enfrentam problemas inerentes, e seria pertinente, não exatamente criar uma autarquia (Amsurb), mas, promover-se uma reengenharia e devolver à Emdurb sua vocação primitiva.

Estes graves problemas só podem ser efetivamente enfrentados com sucesso por um órgão dotado de gestão moderna, eficaz e com qualidade, explicitamente focado. Isto só será possível com o seu enxugamento e racionalização. O bem-estar da população assim o exige e merece. Afinal, a população é a principal "acionista" e cliente, simultaneamente.

O autor é engenheiro, doutor em Engenharia de Transportes, professor da UFSCar e diretor de Mobilidade da Assenag.





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