O mundo é tudo ao mesmo tempo agora, como num disco dos Titãs. Só precisamos separar que exemplo seguir. Pode-se pegar um único dia, uma única semana, e serão inúmeros os episódios para aplaudir ou condenar. Vale registro de aplauso a fala do reverendo americano Michael Curry no casório real britânico de ontem. Diante de Harry e Meghan, e antes do coral empolgar com sua versão da canção "Stand By Me", Curry repetiu: "O amor é o caminho" e "O amor altruísta é o caminho".
Importante o religioso ressaltar o "altruísmo". São exemplos de apoio aos menos favorecidos alguns dos mais esperados da realeza: menos pompa e mais povo. O reverendo ainda disse esperar pelo dia em que as guerras só estarão nos livros de história.
Problema é que há várias guerras diferentes em curso, inclusive as interiores. Aquelas provocadas por fantasmas pessoais. Alimentadas por gente que não gosta de gente.
Como é a guerra que os EUA travam contra seus matadores de jovens e crianças. Atiradores que parecem surgir do nada rumo a uma terrível notoriedade construída com o sangue de inocentes. Como acabou de acontecer, uma vez mais, em escola no Texas.
Temos nossos próprios fantasmas e atiradores por aqui. Bandidos armados que assaltam e matam e, assim, geram outra tragédia: a sede de vingança, a qualquer custo, da sociedade. Que se traduz na inclinação do voto numa direita extrema que, no fundo, nada entende sobre sentimentos. Aqueles que vivem no coração. Que deveria apenas ter amor altruísta para dar.
Tudo ao mesmo tempo agora: é o mundo. E, quanto mais velho a gente vai ficando, mais aumenta a tendência de se emocionar com casais felizes e beijos de novela, como numa canção de Zeca Baleiro.
Ainda bem. Isso ainda é sinal de humanidade. Ainda é indicativo de que a parte boa do ser humano forma uma maioria. Até a próxima guerra, o próximo tiroteio. Alguém já disse que o ser humano trava, mas a humanidade anda. O mundo precisa acreditar nesse caminho.
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