Bauru e grande região - Quinta-feira, 25 de abril de 2024
máx. 31° / min. 12°
26/04/18 07:00 - Opini�o

Somos patriotas na Copa. E depois?

Jangui� Diniz

Quando a Rússia der o pontapé inicial da partida contra a Arábia Saudita, que abre a Copa do Mundo de 2018, milhões de corações por todo o mundo começarão a bater mais forte. Para nós, brasileiros, a Suíça é o primeiro adversário. Sabemos que, em tempos de Copa do Mundo, o país praticamente para. Mas quais as consequências disso? Durante a Copa, as pessoas encarnam um sentimento ufanista e vestem as camisas de suas seleções com toda satisfação. Costuma-se dizer que o futebol é o ópio do povo brasileiro. É bem verdade que vem do esporte o sustento de inúmeras famílias, o sonho de futuro de muitas crianças e a felicidade de muitos torcedores. Durante o campeonato mundial, o sentimento de amor ao país se exacerba. Acontece que, enquanto isso, todo o resto perde importância. Aí que mora o perigo. Podemos chamar nosso patriotismo de seletivo?

Talvez esse ufanismo seja um momento de fortalecer a identidade do nosso povo. Quem não se sente mais animado com as vitórias da Seleção? Entretanto, não podemos nos distrair de outras áreas, principalmente da política. É necessário lembrar que estamos em ano de eleições para presidente, governadores, deputados e senadores. É necessário lembrar, também, que os parlamentares atualmente nos cargos podem aproveitar esse momento de "distração" nacional para realizarem manobras maliciosas, visando unicamente seus interesses pessoais. Enquanto estivermos torcendo por Neymar e companhia, aqueles que foram eleitos para defender nossos interesses - e muitos deles sabem que não serão reeleitos - podem, na surdina, aprovar emendas, leis e projetos que são contrários aos anseios do povo brasileiro. Daí, ficam prejudicadas a saúde, a educação e os demais direitos de uma forma em geral. Mas afinal, o que significa ser patriota? Ser patriota é vestir verde e amarelo e aprender a cantar o Hino Nacional? Ou seria se emocionar com 60 mil pessoas ecoando as rimas em estádios lotados? Ser patriota é muito mais que isso. Patriota é todo aquele que ama sua pátria e procura servi-la.

As eleições vêm em outubro, pouco após a Copa. Independente do placar dentro de campo, é nas urnas que precisamos de ótimos resultados. O Brasil clama por mudança, por novos representantes que de fato nos representem. Não adianta ganhar o Mundial se perdemos a disputa contra a corrupção, por exemplo, reelegendo os mesmos políticos profissionais já conhecidos e que tem participação em esquemas de desvios de verbas, superfaturamento de obras, recebem propinas etc.

Peço perdão aos fanáticos pelo futebol, mas o fato é que não podemos ser patriotas apenas durante a Copa do Mundo. O patriotismo deve ser um sentimento diário de todo cidadão. A população deve acreditar nessa união e dirigi-la para buscar melhores condições de saúde, alimentação, ensino e moradia. Mas, muito mais que isso, a população precisa acreditar nesse sentimento porque apenas assim podemos construir realmente a "pátria amada, Brasil". Vamos torcer e festejar, viver a Copa, mas sem esquecer a nossa realidade, que atualmente não está muito festiva. Cabe a nós torná-la mais alegre, e uma das armas é o voto.

O autor é mestre e Doutor em Direito - [email protected]





publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP