O cantor espanhol Alejandro Sanz foi escolhido como personalidade do ano pela Academia Latina da Gravação - responsável por organizar o Grammy Latino. Aliás, Sanz já havia, em anos anteriores, faturado 18 Grammy latinos e três Grammy. Há essa diferenciação, o que gera certa confusão, mas não vem ao caso.
O que me chamou a atenção foi uma frase do artista que, há 20 anos, estourava com o hit "Corazón Partío". Disse ele: "Procuro focar na essência das canções. Meu trabalho é sobre o piano ou o violão, não sobre o dinheiro".
Não sei quase nada sobre Sanz, mas me pareceu uma declaração sincera, ainda que tenha sido milimetricamente arquitetada para soar bem na ocasião festiva, recém-ocorrida nos EUA.
Não deixa de ser inspirador ouvir de alguém que "chegou lá" que, no fundo, o que importa mesmo é fazer bem o seu ofício - o restante é consequência.
Claro que o terreno é acidentado e todos nós estamos suscetíveis a fases de desânimo, descrença, etc. O fato objetivo, contudo, é que a chave da satisfação (e do reconhecimento) está em abrir a cabeça para não abandonar a fé na própria capacidade. E em não perder o foco justamente quando o tal sucesso chegar.
É mesmo gostoso ter a íntima alegria de realizar algo para o qual você foi preparado. De preferência, sem ficar moldando aqui e ali só para agradar a maioria. Viver é fazer. Viver bem é fazer bem feito, primeiro e intensamente, para você mesmo. É a base, a tal "essência das canções" para todos nós.
Talvez Sanz até seja seguidor do provérbio japonês que diz: "Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam e, então, viva o que eles sonham". Sempre com a honestidade como guia e, por favor, sem partir o coração de ninguém.