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22/10/17 07:00 - Opini�o

Acredite: o C�u das Crian�as existe!

Vitor Oshiro

Não importa se você é católico, evangélico, umbandista, espírita, muçulmano ou sei lá o que. Não importa nem mesmo se você é agnóstico (ou aquele semiagnóstico, que, mesmo sem acreditar, pede para Deus quando, popularmente, a 'água bate na bunda'). Independentemente da sua crença - ou descrença -, é preciso crer na existência de um espaço inocente e puro em outra dimensão: o Céu das Crianças.

Lá, os pimpolhos correm sem parar sobre as nuvens que, de tão fofas, não provocam nem sequer arranhões nos joelhos em uma eventual queda. Lá, todos brincam pra lá e pra cá descalços, sem se preocupar com um resfriado. A petizada não precisa ter medo de estranhos, porque ali não existe maldade. Ali não entra maldade. Nenhuma maldade. Ou como diria a criançada: 'nadica de nada de maldade'.

É preciso crer que exista tal dimensão tão distante e oposta da nossa. Só acreditando nisso é que podemos disfarçar nossa dor e camuflar nossa impotência diante de tantas tragédias recentes envolvendo essa criançada toda por aí.

É preciso acreditar que Adrielly e Beatriz, ambas de 3 anos, estejam, neste exato momento, cada uma na ponta da mesma gangorra, com sorrisos mais largos do que os próprios rostos. É preciso acreditar que elas nem sequer se lembrem da forma como suas inocências foram violentadas e seus futuros bruscamente arrancados, neste mês, por monstros na Capital Paulista.

Não dá pra encostar a cabeça no travesseiro em paz sem acreditar que todas aquelas nove crianças da creche de Jarnaúba, em Minas Gerais, estejam, neste minutinho, comendo todas as gulodices que elas mais gostavam. É preciso ter a crença de que, hoje, nenhuma delas se lembre de que o Bicho-Papão da vida real é mais - muito mais - cruel do que o da fantasia. É mais do que necessário acreditar que a única fogo lá, no Céu das Crianças, seja o das velinhas dos bolos de aniversário de cada um.

Como o próprio nome diz, o Céu das Crianças é das... crianças. Mas elas não são tão inflexíveis como nós, adultos adestrados por tantas regras. Vez ou outra, elas deixam um adolescente entrar para brincar ali. Ou dois. Como foram aqueles dois lá de Goiás que chegaram anteontem. Desde que sejam puros, a idade não conta. Tudo entra pra conta. Tudo vira faz de conta.

Faça o mesmo. Faça de conta. Não importa no que você crê. Ou no que não crê. Creia - e torça - para que exista um lugar melhor do que o nosso. Assim, somente assim, teremos esperança para seguir em frente por aqui, neste lugar com tanto Bicho-Papão.





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